Quantas vezes nos propomos a fazer algo e, diante de resultados pequenos ou insatisfatórios, deixamos nossos projetos de lado? Talvez fosse interessante parar e avaliar: Em que ponto estaríamos em muitos projetos caso houvéssemos perseverado neles? Talvez hoje nós falássemos melhor uma língua estrangeira, estivéssemos em um outro emprego, até mais satisfeitos conosco mesmos.
Claro que enquanto não inventarem a tal "máquina do tempo" precisaremos nos concentar com o hoje, o aqui e o agora que muitos monges zen budistas ou taoístas percebem como o "único tempo possível". Então o que é possível fazer agora para perseverar?
Universidade de Toronto, sobre expectativa e frustração
Segundo os psicólogos Jane Polivy e C. Peter Herman da Universidade de Toronto, a maioria das pessoas não consegue cumprir sua intenção de mudar porque têm expectativas exageradas. A causa seria o que chamam de "Síndrome da Falsa Esperança". Os pesquisadores observaram que várias mulheres obesas conseguiam reduzir seu peso por um curto período, mas não mantinham a meta por muito tempo. A explicação: em comparação com a própria expectativa, o resultado parecia pequeno - e isso era tomado como confirmação de que a mudança seria simplesmente impossível.
Enquanto a preocupação delas era "perder peso", o problema maior estava em outro domínio: Bem estabelecer uma meta. Uma meta bem estabelecida não proporciona espaço nem para a ansiedade nem para a procrastinação, o retardo, o atraso, nem para o desânimo. Muitas de nossas expectativas cotidianas acabam se frustrando porque efetivamente montamos quadros ideais acerca do "estado atual" e do "estado desejado" sem efetivamente nos programarmos para cumprir as etapas dos diversos "estados intermediários".
Cultura do "modo turbo"
Isso é um problema cultural e está intimamente ligado à pressa dos estímulos e das informações no mundo contemporâneo. Temos a falsa sensação de que entre o estado inicial e o estado final de nossas metas (sejam elas quais forem) há de haver um espaço mínimo de tempo, mesmo que para isso precisemos fazer esforços homéricos. O que acontece de fato? Nos esforçamos ensandecidamente, nos desgastamos completamente em poucos dias e, obviamente cansados e sem o resultado esperado, abandonamos a empreitada porque desgastamos toda a energia, física e mental, no início do processo. Então como estabelecer uma meta consciente e factível e chegar ao final dela?
Aspectos importantes do estabelecimento de metas
Quando estabelecemos metas pensamos em muitos aspectos, como por exemplo: sua relevância para nossas vidas, se essa meta é específica, mensurável, qual o prazo em que esperamos que ela se realize, se está sob nosso controle e tantas outras questões. Às vezes, por um vício cultural ocidental esquecemos de alguns fatores importantes:
Quando estabelecemos metas pensamos em muitos aspectos, como por exemplo: sua relevância para nossas vidas, se essa meta é específica, mensurável, qual o prazo em que esperamos que ela se realize, se está sob nosso controle e tantas outras questões. Às vezes, por um vício cultural ocidental esquecemos de alguns fatores importantes:
1) Base: Estabeleça que você é humano! Não somos máquinas. É bom dar espaço em nossas metas para sentimentos, descanso, alimentação e outras questões inerentes ao fato de sermos humanos (não vai dar pra mudar isso).
2) Compreenda a importância do fluxo de energia. Se nos desgastamos ao longo do dia, fisicamente, emocionalmente, intelectualmente, é importante que tenhamos uma "recarga" condizente, seja ela qual for. Caso contrário estaremos gradualmente nos estressando (a definição de estresse é justamente o cansaço por esforço repetitivo sem a devida reposição) até o momento em que será impossível efetuar qualquer coisa. Conheço pessoas que têm vidas extremamente atarefadas e conseguem repor suas energias em longas horas de sono nos finais de semana ou banhos de banheira com água morna, tem quem descanse a mente dançando ou o corpo lendo. Encontre o seu caminho.
3) Divirta-se! A não ser que você se divirta no processo, seja diretamente, quando o processo em si proporcionar ou comportar essa diversão, seja indiretamente, quando o processo não permitir e você precisar criar pequenas recompensas ao longo do processo que te mantenham emocionalmente comprometido com a meta estabelecida. Permita-se brincar no processo. Lembro agora que, quando vou à academia chamo o lugar de "parquinho" e os aparelhos de "brinquedos". O clima mental leve que estabeleço me faz rir e - porque não? - me divertir ali.
O importante é lembrarmo-nos da idéia de Arthur Schopenhauer: "Nada de grandioso na vida foi feito sem paixão".
Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA