terça-feira, 21 de setembro de 2010

Neuro-Experiências "caseiras"


Já se passaram mais de 8 anos pelo menos desde que li pela primeira vez os livros "O Natural é ser inteligente" de Dawna Markowa e "Mantenha seu cérebro Vivo" de "Lawrence c. Katz". Naquela época os livros de neurociência ainda ocupavam as prateleiras da seção de auto-ajuda. Alguns não deveriam ter saído, outros com certeza fizeram bem em entrar para uma área separada, própria para o tema.

Lembro-me da questão da estimulação neural que eles propunham e que realizo até hoje. Essa estimulação é baseada na forma como nós criamos "caminhos sinápticos" entre nossos neurônios, caminhos pelos quais nossos pensamentos irão fluir futuramente. Se sempre fizermos as coisas da mesma forma - mesmo as questões mais mundanas como tomar um banho, comer ou andar na rua, sempre estaremos vivendo na mesma situação, ativando os mesmos pontos do nosso encéfalo, reproduzindo padrões. Esses padrões podem ser muito úteis, mas não precisam, em absoluto, serem os únicos. Que tal seria se pudéssemos ampliá-los?

Algumas experiências que faço eventualmente servem para estimular a criação de novos "caminhos", novas cadeias sinápticas entre os neurônios, ampliando possibilidades de pensar, de ver e viver o mundo. Aí vão algumas divertidas só brincando com a visão, da qual, em geral, dependemos demais para viver:

1) Tome banho no escuro: À noite, sem qualquer luz, entre no banho, feche os olhos e faça tudo o que você normalmente faz, só que estando "cego". Seu cérebro vai ter que criar várias imagens mentais do seu banheiro, calcular a distância das paredes, locais do shampoo e do condicionador. Se as embalagens foram iguais (geralmente é o caso) você pode recorrer ao cheiro, à textura de cada um deles, ao peso das embalagens... só cuidado com o chão molhado, ok?

2) Faça um romântico jantar à luz de nada: A cada refeição são reavivados prazeres, sensações e emoções primárias ligadas ao que Freud denominou "fase oral", uma das etapas fundamentais da estruturação subjetiva da primeira infância. A alimentação tratá sempre essa marca impressa da relação primordial estruturante. A idéia é que você possa tocar os alimentos e comer com as mãos mesmo. Relaxe e brinque, depois é só limpar! Cozinhe alimentos sólidos, tempere, mas não coloque molho. Procure colocar objetos que estimulem outros sentidos, como uma música ou alguns sons, abuse das texturas dos alimentos e divirta-se!

3) Dê alguns passos no escuro: Já a algum tempo que brinco disso. No início era assustador, hoje é muito divertido. Às vezes, quando estou chegando em casa - numa rua sem saída, com pouco tráfego - vou para o meio da calçada e, sem parar a velocidade ou diminuir a largura dos meus passos, fecho os olhos por 4, 5 até 12 passos! No início dava três passos e meu coração saltava loucamente pela boca afora, perdia o equilíbrio, ficava tenso, irritadiço. Depois com o tempo fui percebendo determinadas minúcias, como as diferenças de peso voltando do supermercado com as sacolas nas mãos e percebendo como os pesos me tiravam o equilíbrio, qual era nitidamente o mais pesado etc.

E tudo isso apenas brincando com a visão!

Experimente, aguce seus sentidos, amplie suas percepções.

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
www.institutoatena.com

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