quarta-feira, 2 de março de 2011

Neurociência prática: Da imaginação à realização



"A imaginação é mais importante do que o conhecimento." - Albert Einstein

Essa conhecidíssima frase do físico mais famoso do século XX nos remete a compreensões muito mais profundas do que as que teríamos a princípio. O que poderia ser considerado um exagero de um gênio com personalidade forte e mente iridescente e inquieta, está se confirmando através das recentes descobeertas das neurociências: O cérebro trabalha os dados da imaginação da mesma forma que trabalha os dados da realidade. Como podemos usar esse conhecimento a nosso favor?

Imaginação, treinamento da realidade

O espaço real, bem como o imaginado ou o lembrado é representado nas áreas de associação parietais posteriores. Essas áreas também recebem entradas sinápticas a partir dos sistemas visual e auditivo e estão implicadas na integração das entradas sensoriais somáticas (tato) com essas outras modalidades sensoriais para dar origem a percepções e focalizar a atenção no espaço extrapessoal. - Jessel, Thomas M.


O que ocorre é que há uma fusão da sensação, da visão e da audição numa mesma área de processamento neuronal. Dessa forma, o que pensamos como real e o que pensamos como imaginação só se diferenciam, biologicamente, pela quantidade de dados e não necessariamente pela qualidade dos dados. Ou seja: Imaginar com muitos detalhes alguma sensação ou algum lugar específico, alguma meta, objetivo ou alguma frustração pode desencadear uma descarga dos neurotransmissores correspondentes àquele estímulo emocional.

Quando antevemos e nos pré-ocupamos com discussões que ainda não ocorreram, tendemos a nos exasperar, ficar com a boca seca, frio na espinha, irritabilidade, tensão. Quando rezamos ou quando deixamos nossa mente vagar por paisagens imaginárias leves e tranquilas ou quando antevemos o encontro com um grande amigo que não vemos por anos, nossos membros se relaxam, todo o nosso corpo corresponde hormonalmente àquela situação imaginária.

Imagine-se deitando vagarosamente sobre cacos de pó de vidro, primeiro as pernas e depois, lentamente, as costas. Nada agradável, não é? Confesso que fiquei com uma certa irritabilidade nas costas somente ao escrever a frase.

Agora imagine-se deitando sobre uma cama de pétalas de rosas, ou penas de pássaros. Primeiro as pernas e depois, lentamente, as costas. A sensação, física, é outra?

Submodalidades, dados da imaginação para a realização

A programação neurolingüística, intuindo essa descoberta da neurociência através da prática, desenvolveu o trabalho com as submodalidades.

O que são submodalidades? O Dicionário ATENA de PNL define submodalidades como: compostos específicos de uma experiência sensorial. Temos submodalidades visuais, auditivas e cinestésicas (mais freqüentes), bem como as olfativas e gustativas (menos freqüentes).

Submodalidades visuais: filme, slides ou foto, imagem panorâmica ou enquadrada, em duas ou três dimensões etc.
Submodalidades auditivas: volume, cadência, ritmo, inflexão da voz etc.
Submodalidades cinestésicas: temperatura, textura, umidade, pressão, localização etc.

Da imagem ao real

Ou seja, o trabalho com as submodalidades implica na criação e introjeção de "dados extras", de base sensorial, em nossas imagens de metas e objetivos ou em nossas vivências, para que possamos causar um efeito neural mais forte e duradouro. A "qualidade" da imaginação, determinada pela quantidade de dados precisos que colocarmos sobre ela, determinando cores, texturas, sabores, cheiros, sons, vai influenciar na liberação dos neurotransmissores que serão responsáveis pelo nosso estado de ânimo frente à tarefa dada e, principalmente, por nos motivar em busca da realização.

Portanto, decore sua meta e detalhe sua mente, até que ela possa vestir a realidade ao teu redor.

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
www.institutoatena.com

Criador dos cursos
A Jornada do Herói
A Arte da Guerra Oriental
Liderança Corporativa e PNL
Estratégia em Ação

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cartografia inteligente - PNL e Neurociências

"Tem sido dito que a beleza está nos olhos de quem vê. Como uma hipótese essa afirmação aponta diretamente para o problema central da cognição (...): Um mundo de experiências é produzido por quem as experimenta (...) Existe certamente um mundo real de árvores, de pessoas, de carros e até de livros, e este tem muito a ver com a nossa experiência destes objetos. No entanto, não temos acesso imediato ao mundo, nem a nenhuma de suas propriedades (...) tudo aquilo que sabemos acerca da realidade foi mediado não apenas pelos órgãos dos sentidos, mas por sistemas complexos que interpretam e reinterpretam as informações sensoriais (...)
O termo 'cognição' se refere a todos os processos pelos quais a entrada sensorial é transformada, reduzida, elaborada, armazenada, recuperada e utilizada."
 - Ulrich Nesser, 1967

O interessante dessa citação é que ela poderia ter sido escrita por um neoplatônio, tanto quanto por um atual discípulo de Aristóteles, por um neurocientista ou por um bom professor de programação neurolingüística. O fato de ela ser, na realidade, de um psicólogo alemão radicado nos Estados Unidos é menos importante para nós, agora, do que a percepção de que muitas disciplinas e correntes filosóficas entram em acordo, pelo menos atualmente, no que concerne ao básico da cognição humana: O mundo depende do sujeito que o vê.

Da idéia à ação
O que diferencia a programação neurolingüística (PNL) das demais disciplinas acima citadas é que, além de ter sido gerada pela interseção criadora entre várias disciplinas acadêmicas, entre elas a lingüística, a semântica, a neurologia, a programação digital e a psicologia, a pnl foi criada como uma ferramenta, como um instrumento cuja utilidade está na sua aplicação ao nosso mundo. Ela começa a agir onde as últimas descobertas dos neurocientistas, filósofos e pensadores contemporâneos param. É daí que ela salta para novas percepções, descobertas e aprendizagens.

Uma caixinha de lupas, óculos, binóculos...
A pnl potencializa percepções e leituras da realidade. Por exemplo: toda a grande citação com que iniciamos esse texto não é apenas suprimida numa das célebres frases da neurolingüística que nos diz que "O Mapa não é o Território", mas essa mesma frase, dentro do contexto da pnl, é um pressuposto básico, inicial, apreendido pelos alunos de neurolingüística para que eles possam perceber que sua representação da realidade nada mais é do que uma representação e, como tal, ela pode ser enriquecida com novas experiências, percepções e possibilidades. Dentro da pnl essa concepção é, única e tão somente, o princípio básico para que novas percepções sejam criadas, para que o aprendizado se torne natural, prazeroso e constante. Os que praticam essa ferramenta poderiam fazer dela uma verdadeira Ferrari tanto cognitiva quanto humanitária, se apenas se atinassem a  respeitar os mapas alheios e aprender com eles.

Cartografia íntima
Quando percebemos que nosso "mapa", nossa interpretação da realidade, não é a única, a verdadeira e absoluta nos abrimos para compreender a riqueza do mundo, desde a riqueza de outras culturas nos mais diversos continentes até à riqueza da experiência de nossos irmãos, filhos e amigos, que é muitíssimo diversa da nossa. Essa riqueza está aí, basta termos olhos para vê-la.

Trocando os fios
Quando temos uma formação em pnl nos predispomos a estudar neurociência cognitiva começamos a ter algumas percepções interessantíssimas. Por exemplo: a definição clássica de pnl é "O estudo da estrutura da experiência cognitiva" (Richard Bandler) e, segundo Eric R, Kandel, escritor do monumental Fundamentos da Neurociência e do Comportamento, "O principal objetivo da ciência neural cognitiva é estudar as representações internas dos eventos mentais".

Outra concepção importante da pnl é que se mudarmos nossa representação do mundo, mudaremos também nossa experiência do mundo e vice-versa, podemos encontrar a mesma concepção em uma das conclusões de Kandel "A representação interna do espaço pessoal é modificável pela experiência", afinal, ainda em Kandel, "O que distingue uma região do cérebro de outra e um cérebro de outro é o número de neurônios e a maneira pela qual eles estão interconectados". Ou seja: novas experiências geram novas percepções e ampliam nossa possibilidade de interpretar a realidade. É o princípio da criatividade tanto quanto o da aprendizagem. É nele e através dele que a neurolingüística opera.

O mundo como ilusão
Os diferentes modos de interação com o mundo - um objeto visto, uma face tocada, ou uma melodia ouvida - são processados em paralelo por diferentes sistemas sensoriais. Primeiro os receptores em cada sistema analisam e decompoem as informações do estímulo. Cada sistema sensorial, então, abstrai essas informações e as representa no cérebro por vias e regiões cerebrais específicas. De momento a momento esse fluxo constante de informações é editado em um contínuo aparentemente ininterrupto de percepções unificadas. Assim, a aparência de nossas percepções como imagens diretas e precisas do mundo é uma ilusão.

Neurolingüística, o mundo como criação
A neurociência já percebeu que apesar das conexões serem precisas em cada cérebro, não são exatamente as mesmas em todos os indivíduos, assim "as conexões entre as células podem ser alteradas pela atividade e pelo aprendizado" (Schwartz, 2002). Através da interação entre as descobertas de Frederick Bartlett, Edwin Tolman, George Miller, Noam Chomsky, Ulrick Neisser, Herbert Simon e outros, a neurociência está agora corroborando as descobertas da neurolingüística e vem diariamente endossando seus métodos com descobertas e conclusões similares ou idênticas às encontradas em bons livros da área de pnl. são duas disciplinas que podem e devem ser utilizadas em uníssono para construir um bom trenamento em neurolingüística.

Se compreendemos que "a percepção forma o comportamento e que a própria percepção é um processo construtivo que depende não apenas das informações inerentes ao estímulo mas, também, da estrutura mental daquele que percebe" (Kandel, 2002) podemos começar a instrumentalizar essas percepções e essas experiências para efetivamente criar algo inteiramente novo, criativo e dinâmico. Esse é, em suma, não apenas o modus operandi da criação dos treinamentos únicos e patenteados do Instituto ATENA, mas o que incentivamos em todos os nossos treinandos, parceiros e clientes: Crie! Inove! Seja! Recrie-se em sua melhor concepção! Veja-se através do microscópio do comportamento cotidiano ou da luneta das suas crenças e valores, integre-se e recrie-se, sempre!

Autor: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Inteligência Espiritual, aglutinando significado e valor

Nem inteligência elevada, nem imaginação, nem as duas coisas juntas fazem o gênio.
Amor! Amor! Amor! Essa é a alma do gênio.

Weder hohe Intelligenz noch Phantasie, noch beide zusammen machen Genie.
Liebe! Liebe! Liebe! Dies ist die Seele des Genies. - Wolfgang Amadeus Mozart


Estudos científicos atuais concluem que, além da inteligência emocional - Q.E., há a inteligência espiritual - Q.S. Zohar e Marshall (2002:18) assim a definem: "É com a inteligência espiritual que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor, a inteligência com a qual podemos pôr nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de sentido... é a nossa inteligência final".

Segundo esses autores, a inteligência espiritual pode ser medida pela magnetoencefalografia - MEG, conforme pesquisa do Dr. Rodolfo Llinas da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. A inteligência espiritual evidencia-se no substrato neural da atividade oscilatória de 40Hz, que percorre todo o cérebro e proporciona o meio pelo qual a experiência do ser humano pode ser aglutinada e inserida em um marco mais amplo de sentido. Concluíram que as oscilações de 40Hz constituem a base neural do Q.S.

"Uma forte transcendência como propriedade do QS é naturalmente uma perspectiva muito interessante. Significaria que um aspecto fundamental da inteligência humana nos dá acesso ao fundamento do ser, às leis e princípios da existência, exatamente como pensadores hindus e budistas sempre alegaram. A mente, nesse caso, teria origem no próprio núcleo das coisas. O aspecto da nossa inteligência que é o nosso QS transcende o mero ego, o mero cérebro, as meras 'sacudidelas dos neurônios' e torna-se a expressão do que a maioria dos ocidentais chama 'Deus'". - Zohar e Marshall, 2002: 101

Tolerar, conviver, aceitar
A tolerância, como bem exemplificou um colega num grupo de estudos sobre religiões do qual participo, ainda pressupõe alguma espécie de conflito. A convivência, como bem demonstra a inegável e triste situação na Palestina, pode tanto gerar o respeito como acirrar o conflito. Já a aceitação não. Aceitar é, em termos de Programação Neurolingüística (PNL), possibilitar que aquela interpretação, aquele mapa da realidade tenha seu direito de existir e, concomitantemente, perceber que ele faz parte das inúmeras possibilidades do gênio humano e algo dele pode ser um potencial criativo para o nosso mapa. Muito do que consideramos produto de um gênio criativo está nessa simples sobreposição de diferentes lupas sobre o mesmo mundo.

Aceitar, trocar, criar
Aceitar é ir além, é observar e compreender o que há por trás das diferenças e a forma como essas diferenças podem nos remeter a novas realidades muito mais estimulantes que as que as originaram. Aceitando nos permitimos trocar e através da permuta podemos construir novos panoramas para velhas questões.

Criar sistemas, criar mapas
A importância da percepção acadêmica da inteligência espiritual é que, nós, ocidentais, submersos em ceticismo e jogos de poder ao longo de nossa história, criamos um crivo poderoso para dar crédito a algo, a instituição acadêmica(1). Ocorre que o mais interessante aqui é que até mesmo membros da academia têm percebido que essa não é a descoberta de mais uma inteligência - como a da inteligência cinética, que o Ronaldinho Gaúcho tem mais do que 99% dos leitores desse artigo incluindo, obviamente seu escritor -, mas a descoberta da inteligência última, a que agrega as demais ao seu redor.

A inteligência última parece cada vez mais, um grande sistema que cria diversos sistemas, o sistema que coaduna os mais diversos mapas da realidade e consegue colocar toda essa energia da ação motivada pela crença em prol de um único objetivo. Não é disso que se tratam os aspectos mais importantes da mente? Criar, crer, agir?

Pensar sistêmicamente, pensar espiritualmente
Algo do que compreendemos como espiritualidade têm a ver com o caráter finalista, com uma expectativa de que haja, no fim, um desígnio maior, uma ordem intrínseca permeando os acontecimentos a princípio caóticos da vida. A inteligência espiritual tem a ver com essa questão, com a percepção de que mais "inteligente", ou nesse ponto até arriscaria a palavra "sábio" é quem consegue, enfim, aglutinar diversas leituras da realidade dentro de um mesmo mapa, maior, que aceite as diferenças e se mova em direção a algo, dotando esse algo de valor. A que alvo estás dando valor ultimamente?

Texto de: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA


(1) Às vezes convenientemente esquecemos a sociologia e a política internas dessas instituições, esquecemos de que nelas trabalham pessoas com os mais diversos, legítimos e ilegítimos interesses, subvencionados por empresas também movidas pelos mesmos legítimos ou ilegítimos interesses.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Síndrome da "Falsa Esperança"

Expectativa e Frustração
Quantas vezes nos propomos a fazer algo e, diante de resultados pequenos ou insatisfatórios, deixamos nossos projetos de lado? Talvez fosse interessante parar e avaliar: Em que ponto estaríamos em muitos projetos caso houvéssemos perseverado neles? Talvez hoje nós falássemos melhor uma língua estrangeira, estivéssemos em um outro emprego, até mais satisfeitos conosco mesmos. 

Claro que enquanto não inventarem a tal "máquina do tempo" precisaremos nos concentar com o hoje, o aqui e o agora que muitos monges zen budistas ou taoístas percebem como o "único tempo possível". Então o que é possível fazer agora para perseverar? 

Universidade de Toronto, sobre expectativa e frustração
Segundo os psicólogos Jane Polivy e C. Peter Herman da Universidade de Toronto, a maioria das pessoas não consegue cumprir sua intenção de mudar porque têm expectativas exageradas. A causa seria o que chamam de "Síndrome da Falsa Esperança". Os pesquisadores observaram que várias mulheres obesas conseguiam reduzir seu peso por um curto período, mas não mantinham a meta por muito tempo. A explicação: em comparação com a própria expectativa, o resultado parecia pequeno - e isso era tomado como confirmação de que a mudança seria simplesmente impossível. 

Enquanto a preocupação delas era "perder peso", o problema maior estava em outro domínio: Bem estabelecer uma meta. Uma meta bem estabelecida não proporciona espaço nem para a ansiedade nem para a procrastinação, o retardo, o atraso, nem para o desânimo. Muitas de nossas expectativas cotidianas acabam se frustrando porque efetivamente montamos quadros ideais acerca do "estado atual" e do "estado desejado" sem efetivamente nos programarmos para cumprir as etapas dos diversos "estados intermediários". 

Cultura do "modo turbo"
Isso é um problema cultural e está intimamente ligado à pressa dos estímulos e das informações no mundo contemporâneo. Temos a falsa sensação de que entre o estado inicial e o estado final de nossas metas (sejam elas quais forem) há de haver um espaço mínimo de tempo, mesmo que para isso precisemos fazer esforços homéricos. O que acontece de fato? Nos esforçamos ensandecidamente, nos desgastamos completamente em poucos dias e, obviamente cansados e sem o resultado esperado, abandonamos a empreitada porque desgastamos toda a energia, física e mental, no início do processo. Então como estabelecer uma meta consciente e factível e chegar ao final dela?

Aspectos importantes do estabelecimento de metas
Quando estabelecemos metas pensamos em muitos aspectos, como por exemplo: sua relevância para nossas vidas, se essa meta é específica, mensurável, qual o prazo em que esperamos que ela se realize, se está sob nosso controle e tantas outras questões. Às vezes, por um vício cultural ocidental esquecemos de alguns fatores importantes:

1) Base: Estabeleça que você é humano! Não somos máquinas. É bom dar espaço em nossas metas para sentimentos, descanso, alimentação e outras questões inerentes ao fato de sermos humanos (não vai dar pra mudar isso).

2) Compreenda a importância do fluxo de energia. Se nos desgastamos ao longo do dia, fisicamente, emocionalmente, intelectualmente, é importante que tenhamos uma "recarga" condizente, seja ela qual for. Caso contrário estaremos gradualmente nos estressando (a definição de estresse é justamente o cansaço por esforço repetitivo sem a devida reposição) até o momento em que será impossível efetuar qualquer coisa. Conheço pessoas que têm vidas extremamente atarefadas e conseguem repor suas energias em longas horas de sono nos finais de semana ou banhos de banheira com água morna, tem quem descanse a mente dançando ou o corpo lendo. Encontre o seu caminho.

3) Divirta-se! A não ser que você se divirta no processo, seja diretamente, quando o processo em si proporcionar ou comportar essa diversão, seja indiretamente, quando o processo não permitir e você precisar criar pequenas recompensas ao longo do processo que te mantenham emocionalmente comprometido com a meta estabelecida. Permita-se brincar no processo. Lembro agora que, quando vou à academia chamo o lugar de "parquinho" e os aparelhos de "brinquedos". O clima mental leve que estabeleço me faz rir e - porque não? - me divertir ali.

O importante é lembrarmo-nos da idéia de Arthur Schopenhauer:  "Nada de grandioso na vida foi feito sem paixão".

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

À Flor da Pele

Sinestesia táctil: tristeza, alívio ou alegria na ponta dos dedos

A palavra sinestesia (do grego συναισθησία, συν- (syn-) "união" ou "junção" e -αισθησία (-esthesia) "sensação") é a relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o olfato. O termo é usado na teoria da linguagem para descrever uma figura de linguagem e, também, uma série de fenômenos provocados por uma condição neurológica.

A Sinestesia Neurológica
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A sinestesia é um fenômeno perceptivo no qual um estímulo sensorial de determinada modalidade deflagra uma sensação de outra modalidade. Assim, um sinestésico pode "perceber" um aroma específico toda vez que vê a cor azul, ou "sentir" o amarelo quando tocam uma nota musical. Não se trata de um distúrbio. Os neurocientistas acreditam que a sinestesia se deve a algum cruzamento acidental dos circuitos sensoriais ocorrido durante o desenvolvimento cerebral.
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As experiências de A.W. (22 anos), uma menina com sinestesia táctil, descritas pelo neurocientista Vilayanur Ramachandran, da Universidade da Califórnia, em San Diego trazem a ligação direta entre o estímulo táctil e a deflagração de uma sensação ou a emoção imediata. A lista a seguir foi efetuada pelo Dr. Ramachandran, ligando diferentes tecidos a emoções da paciente:

Seda = bem-estar e contentamento
Brim = depressão
Veludo = confusão
Papéis com diferentes gramaturas = culpa, alívio ou impressão de que tem algo a esconder

A arte na vanguarda
Esse fenômeno neurológico já era conhecido por artistas como Charles Baudelaire (1921-1967). Baudelaire, segundo Tornitore (1999) defendia, através da Teoria das Correspondências, a existência de uma relação entre os domínios sensórios; para o poeta, certos cheiros estão associados a um certo tipo de verde, anunciando uma expansão no âmbito da sensibilidade onde é possível sentir um cheiro e ao mesmo tempo provar a doçura da música, ou ainda ver uma cor em particular. Em suma, defendia a proposta de que sons, cores e cheiros estão misteriosamente co-relacionados e que esta ligação é intrínseca à natureza das coisas.

Os Sentidos na Teoria dos Sistemas
Tornitore (1999) declara ainda que, em função da importância que os sentidos tem na vida humana, é fácil imaginar que não apenas a arte, mas todas as ciências (humanas, exatas, biológicas) são concebidas por meio de processos sinestésicos, retomando aqui as concepções de Morin no que se refere às relações entre o todo e as partes constituintes. 

Ao tratar das questões ligadas à complexidade biológica, Edgar Morin declara: "(...) a complexidade começa logo que há sistema, isto é, inter-relações de elementos diversos numa unidade que se torna complexa (una e múltipla). A complexidade sistêmica manifesta-se, sobretudo, no fato de que o todo possui qualidades e propriedades que não se encontram no nível das partes." (Morin, 2000 p. 291). Além disso, se consideradas isoladas e inversamente, perceberemos o fato de que as partes possuem qualidades e propriedades que desaparecem sob o efeito das coações inerentes ao sistema. 

Prática cognitiva, meória e estudo
Existem graus diversos de sinestesia. A própria teoria das cores e a noção de ergonomia podem auxiliar no estudo, na memorizção, percepção e demais operações inerentes ao processo cognitivo. Mesmo que não estejamos atentos para o nosso processo criativo ou nossa forma de estudar, ambas se articulam dentro de padrões inconscientes que se movem do "péssimo" ao "ótimo". Existem lugares, temperaturas, cores e texturas que nos motivam a relaxar ou a produzir. Procure observar a sua e use-a a seu favor!

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pílulas da inteligência

O uso de medicamentos para melhorar o desempenho intelectual em pessoas saudáveis é uma questão polêmica, agora, porém, o uso responsável de recursos tecnológico para "turbinar" o cérebro conta com o apoio de renomados neurocientistas, que publicaram na revista "nature" um manifesto a favor da prática.
Metilfenidato

Mercado Negro da inteligência
Entre as drogas destinadas a esse fim estão o metilfenidato, mais conhecido como Ritalina, usado para o tratamento da síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, e o modafinil, indicado para pacientes com narcolepsia. Muitos pesquisadores e estudantes dos EUA vêm usando estes remédios adquiridos no mercado negro uma vez que são vendidos legalmente apenas sob prescrição.

Doping mental
Existem os que defendem que o uso da farmacologia para aperfeiçoar a capacidade cognitiva não deve ser visto como uma espécie de "trapaça", já que a humanidade sempre buscou formas de aperfeiçoar seu desempenho, seja por meio da educação, da alimentação ou da meditação, por exemplo. Cientistas argumentam, no entanto, que essas drogas devem ser cuidadosamente estudadas para esse fim, e devem ser avaliados seus riscos e benefícios. "Se os novos métodos forem eficazes e seguros, vão beneficiar os indivíduos e à sociedade", escreveram.

Saúde pessoal, trapaça social
Uma boa noite de sono, um café na medida certa, organização física do ambiente de estudo ou trabalho e prática regular de exercícios físicos também clarificam os pensamentos, aceleram os processos cognitivos e ampliam a concentração e a produtividade. A questão agora é definir até que ponto esses mecanismos novos de "turbo" mental não são danosos à saúde dos indivíduos a médio ou longo prazo e, também, de que forma eles podem ser compreendidos como "doping" em exames. Afinal, um candidato que deva seu resultado numa prova ao uso de um medicamento como esse foi aprovado por ter um determinado "padrão" intelectual específico - o demonstrado no exame - e, portanto, espera-se que deva trabalhar sempre dentro desse padrão, ou seja, sob efeito de drogas.

A questão é delicada e as diferentes opiniões podem ser conferidas no fórum público da Nature: http://tinyurl.com/6nyu29

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Palestra gratúitas on-line

Informação e qualidade criando conhecimento

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) está colocando na internet os vídeos das palestras de seus congressos anuais.

Já estão disponíveis os de 2006 e 2007. Os temas são variados, sendo alguns deles nas áreas de psicologia, neurociências e filosofia. Entre os destaques da reunião de 2006 estão "Depressão, pânico e ansiedade", pelo neurobiólogo Antônio de Pádua Carobres, da Universidade Federal de Santa Catarina, "Neuroética: a profecia de Prometeu retomada", pelo neurocientista Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento de 2007 têm as apresentações "Neurociências e doenças tropicais, pelo neurocientista Luis Carlos de Lima Silveira, da Universidade Federal do Pará, e "É possível uma doutrina moral?" pelo filósofo José Arthur Giannotti, da Universidade de São Paulo.

O endereço é: www.sbpcnet.org.br (No menu, clique em "vídeos")