quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Inteligência Espiritual, aglutinando significado e valor

Nem inteligência elevada, nem imaginação, nem as duas coisas juntas fazem o gênio.
Amor! Amor! Amor! Essa é a alma do gênio.

Weder hohe Intelligenz noch Phantasie, noch beide zusammen machen Genie.
Liebe! Liebe! Liebe! Dies ist die Seele des Genies. - Wolfgang Amadeus Mozart


Estudos científicos atuais concluem que, além da inteligência emocional - Q.E., há a inteligência espiritual - Q.S. Zohar e Marshall (2002:18) assim a definem: "É com a inteligência espiritual que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor, a inteligência com a qual podemos pôr nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de sentido... é a nossa inteligência final".

Segundo esses autores, a inteligência espiritual pode ser medida pela magnetoencefalografia - MEG, conforme pesquisa do Dr. Rodolfo Llinas da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. A inteligência espiritual evidencia-se no substrato neural da atividade oscilatória de 40Hz, que percorre todo o cérebro e proporciona o meio pelo qual a experiência do ser humano pode ser aglutinada e inserida em um marco mais amplo de sentido. Concluíram que as oscilações de 40Hz constituem a base neural do Q.S.

"Uma forte transcendência como propriedade do QS é naturalmente uma perspectiva muito interessante. Significaria que um aspecto fundamental da inteligência humana nos dá acesso ao fundamento do ser, às leis e princípios da existência, exatamente como pensadores hindus e budistas sempre alegaram. A mente, nesse caso, teria origem no próprio núcleo das coisas. O aspecto da nossa inteligência que é o nosso QS transcende o mero ego, o mero cérebro, as meras 'sacudidelas dos neurônios' e torna-se a expressão do que a maioria dos ocidentais chama 'Deus'". - Zohar e Marshall, 2002: 101

Tolerar, conviver, aceitar
A tolerância, como bem exemplificou um colega num grupo de estudos sobre religiões do qual participo, ainda pressupõe alguma espécie de conflito. A convivência, como bem demonstra a inegável e triste situação na Palestina, pode tanto gerar o respeito como acirrar o conflito. Já a aceitação não. Aceitar é, em termos de Programação Neurolingüística (PNL), possibilitar que aquela interpretação, aquele mapa da realidade tenha seu direito de existir e, concomitantemente, perceber que ele faz parte das inúmeras possibilidades do gênio humano e algo dele pode ser um potencial criativo para o nosso mapa. Muito do que consideramos produto de um gênio criativo está nessa simples sobreposição de diferentes lupas sobre o mesmo mundo.

Aceitar, trocar, criar
Aceitar é ir além, é observar e compreender o que há por trás das diferenças e a forma como essas diferenças podem nos remeter a novas realidades muito mais estimulantes que as que as originaram. Aceitando nos permitimos trocar e através da permuta podemos construir novos panoramas para velhas questões.

Criar sistemas, criar mapas
A importância da percepção acadêmica da inteligência espiritual é que, nós, ocidentais, submersos em ceticismo e jogos de poder ao longo de nossa história, criamos um crivo poderoso para dar crédito a algo, a instituição acadêmica(1). Ocorre que o mais interessante aqui é que até mesmo membros da academia têm percebido que essa não é a descoberta de mais uma inteligência - como a da inteligência cinética, que o Ronaldinho Gaúcho tem mais do que 99% dos leitores desse artigo incluindo, obviamente seu escritor -, mas a descoberta da inteligência última, a que agrega as demais ao seu redor.

A inteligência última parece cada vez mais, um grande sistema que cria diversos sistemas, o sistema que coaduna os mais diversos mapas da realidade e consegue colocar toda essa energia da ação motivada pela crença em prol de um único objetivo. Não é disso que se tratam os aspectos mais importantes da mente? Criar, crer, agir?

Pensar sistêmicamente, pensar espiritualmente
Algo do que compreendemos como espiritualidade têm a ver com o caráter finalista, com uma expectativa de que haja, no fim, um desígnio maior, uma ordem intrínseca permeando os acontecimentos a princípio caóticos da vida. A inteligência espiritual tem a ver com essa questão, com a percepção de que mais "inteligente", ou nesse ponto até arriscaria a palavra "sábio" é quem consegue, enfim, aglutinar diversas leituras da realidade dentro de um mesmo mapa, maior, que aceite as diferenças e se mova em direção a algo, dotando esse algo de valor. A que alvo estás dando valor ultimamente?

Texto de: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA


(1) Às vezes convenientemente esquecemos a sociologia e a política internas dessas instituições, esquecemos de que nelas trabalham pessoas com os mais diversos, legítimos e ilegítimos interesses, subvencionados por empresas também movidas pelos mesmos legítimos ou ilegítimos interesses.

Um comentário:

  1. Importante que a academia tenha prestado atenção a existência da inteligência espiritual.No entanto não creio que ela possa ser mensurada em Hz.A inteligência espiritual não surge quando o ego apreende o que não é mensurável nem categorizável?Em todo o caso é bom que algum acadêmico mencione a existência de uma inteligência espiritual.As instituições dominante não estão ensinando a inteligência espiritual.O pensamento acadêmico do século XX não só não sabe o que é inteligência espiritual como também alimenta preconceitos contra.

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