"Tem sido dito que a beleza está nos olhos de quem vê. Como uma hipótese essa afirmação aponta diretamente para o problema central da cognição (...): Um mundo de experiências é produzido por quem as experimenta (...) Existe certamente um mundo real de árvores, de pessoas, de carros e até de livros, e este tem muito a ver com a nossa experiência destes objetos. No entanto, não temos acesso imediato ao mundo, nem a nenhuma de suas propriedades (...) tudo aquilo que sabemos acerca da realidade foi mediado não apenas pelos órgãos dos sentidos, mas por sistemas complexos que interpretam e reinterpretam as informações sensoriais (...)
O termo 'cognição' se refere a todos os processos pelos quais a entrada sensorial é transformada, reduzida, elaborada, armazenada, recuperada e utilizada." - Ulrich Nesser, 1967
O interessante dessa citação é que ela poderia ter sido escrita por um neoplatônio, tanto quanto por um atual discípulo de Aristóteles, por um neurocientista ou por um bom professor de programação neurolingüística. O fato de ela ser, na realidade, de um psicólogo alemão radicado nos Estados Unidos é menos importante para nós, agora, do que a percepção de que muitas disciplinas e correntes filosóficas entram em acordo, pelo menos atualmente, no que concerne ao básico da cognição humana: O mundo depende do sujeito que o vê.
Da idéia à ação
O que diferencia a programação neurolingüística (PNL) das demais disciplinas acima citadas é que, além de ter sido gerada pela interseção criadora entre várias disciplinas acadêmicas, entre elas a lingüística, a semântica, a neurologia, a programação digital e a psicologia, a pnl foi criada como uma ferramenta, como um instrumento cuja utilidade está na sua aplicação ao nosso mundo. Ela começa a agir onde as últimas descobertas dos neurocientistas, filósofos e pensadores contemporâneos param. É daí que ela salta para novas percepções, descobertas e aprendizagens.
Uma caixinha de lupas, óculos, binóculos...
A pnl potencializa percepções e leituras da realidade. Por exemplo: toda a grande citação com que iniciamos esse texto não é apenas suprimida numa das célebres frases da neurolingüística que nos diz que "O Mapa não é o Território", mas essa mesma frase, dentro do contexto da pnl, é um pressuposto básico, inicial, apreendido pelos alunos de neurolingüística para que eles possam perceber que sua representação da realidade nada mais é do que uma representação e, como tal, ela pode ser enriquecida com novas experiências, percepções e possibilidades. Dentro da pnl essa concepção é, única e tão somente, o princípio básico para que novas percepções sejam criadas, para que o aprendizado se torne natural, prazeroso e constante. Os que praticam essa ferramenta poderiam fazer dela uma verdadeira Ferrari tanto cognitiva quanto humanitária, se apenas se atinassem a respeitar os mapas alheios e aprender com eles.
Cartografia íntima
Quando percebemos que nosso "mapa", nossa interpretação da realidade, não é a única, a verdadeira e absoluta nos abrimos para compreender a riqueza do mundo, desde a riqueza de outras culturas nos mais diversos continentes até à riqueza da experiência de nossos irmãos, filhos e amigos, que é muitíssimo diversa da nossa. Essa riqueza está aí, basta termos olhos para vê-la.
Trocando os fios
Quando temos uma formação em pnl nos predispomos a estudar neurociência cognitiva começamos a ter algumas percepções interessantíssimas. Por exemplo: a definição clássica de pnl é "O estudo da estrutura da experiência cognitiva" (Richard Bandler) e, segundo Eric R, Kandel, escritor do monumental Fundamentos da Neurociência e do Comportamento, "O principal objetivo da ciência neural cognitiva é estudar as representações internas dos eventos mentais".
Outra concepção importante da pnl é que se mudarmos nossa representação do mundo, mudaremos também nossa experiência do mundo e vice-versa, podemos encontrar a mesma concepção em uma das conclusões de Kandel "A representação interna do espaço pessoal é modificável pela experiência", afinal, ainda em Kandel, "O que distingue uma região do cérebro de outra e um cérebro de outro é o número de neurônios e a maneira pela qual eles estão interconectados". Ou seja: novas experiências geram novas percepções e ampliam nossa possibilidade de interpretar a realidade. É o princípio da criatividade tanto quanto o da aprendizagem. É nele e através dele que a neurolingüística opera.
O mundo como ilusão
Os diferentes modos de interação com o mundo - um objeto visto, uma face tocada, ou uma melodia ouvida - são processados em paralelo por diferentes sistemas sensoriais. Primeiro os receptores em cada sistema analisam e decompoem as informações do estímulo. Cada sistema sensorial, então, abstrai essas informações e as representa no cérebro por vias e regiões cerebrais específicas. De momento a momento esse fluxo constante de informações é editado em um contínuo aparentemente ininterrupto de percepções unificadas. Assim, a aparência de nossas percepções como imagens diretas e precisas do mundo é uma ilusão.
Neurolingüística, o mundo como criação
A neurociência já percebeu que apesar das conexões serem precisas em cada cérebro, não são exatamente as mesmas em todos os indivíduos, assim "as conexões entre as células podem ser alteradas pela atividade e pelo aprendizado" (Schwartz, 2002). Através da interação entre as descobertas de Frederick Bartlett, Edwin Tolman, George Miller, Noam Chomsky, Ulrick Neisser, Herbert Simon e outros, a neurociência está agora corroborando as descobertas da neurolingüística e vem diariamente endossando seus métodos com descobertas e conclusões similares ou idênticas às encontradas em bons livros da área de pnl. são duas disciplinas que podem e devem ser utilizadas em uníssono para construir um bom trenamento em neurolingüística.
Se compreendemos que "a percepção forma o comportamento e que a própria percepção é um processo construtivo que depende não apenas das informações inerentes ao estímulo mas, também, da estrutura mental daquele que percebe" (Kandel, 2002) podemos começar a instrumentalizar essas percepções e essas experiências para efetivamente criar algo inteiramente novo, criativo e dinâmico. Esse é, em suma, não apenas o modus operandi da criação dos treinamentos únicos e patenteados do Instituto ATENA, mas o que incentivamos em todos os nossos treinandos, parceiros e clientes: Crie! Inove! Seja! Recrie-se em sua melhor concepção! Veja-se através do microscópio do comportamento cotidiano ou da luneta das suas crenças e valores, integre-se e recrie-se, sempre!
Autor: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Inteligência Espiritual, aglutinando significado e valor
Nem inteligência elevada, nem imaginação, nem as duas coisas juntas fazem o gênio.
Amor! Amor! Amor! Essa é a alma do gênio.
Weder hohe Intelligenz noch Phantasie, noch beide zusammen machen Genie.
Liebe! Liebe! Liebe! Dies ist die Seele des Genies. - Wolfgang Amadeus Mozart
Estudos científicos atuais concluem que, além da inteligência emocional - Q.E., há a inteligência espiritual - Q.S. Zohar e Marshall (2002:18) assim a definem: "É com a inteligência espiritual que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor, a inteligência com a qual podemos pôr nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de sentido... é a nossa inteligência final".
Segundo esses autores, a inteligência espiritual pode ser medida pela magnetoencefalografia - MEG, conforme pesquisa do Dr. Rodolfo Llinas da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. A inteligência espiritual evidencia-se no substrato neural da atividade oscilatória de 40Hz, que percorre todo o cérebro e proporciona o meio pelo qual a experiência do ser humano pode ser aglutinada e inserida em um marco mais amplo de sentido. Concluíram que as oscilações de 40Hz constituem a base neural do Q.S.
"Uma forte transcendência como propriedade do QS é naturalmente uma perspectiva muito interessante. Significaria que um aspecto fundamental da inteligência humana nos dá acesso ao fundamento do ser, às leis e princípios da existência, exatamente como pensadores hindus e budistas sempre alegaram. A mente, nesse caso, teria origem no próprio núcleo das coisas. O aspecto da nossa inteligência que é o nosso QS transcende o mero ego, o mero cérebro, as meras 'sacudidelas dos neurônios' e torna-se a expressão do que a maioria dos ocidentais chama 'Deus'". - Zohar e Marshall, 2002: 101
Tolerar, conviver, aceitar
A tolerância, como bem exemplificou um colega num grupo de estudos sobre religiões do qual participo, ainda pressupõe alguma espécie de conflito. A convivência, como bem demonstra a inegável e triste situação na Palestina, pode tanto gerar o respeito como acirrar o conflito. Já a aceitação não. Aceitar é, em termos de Programação Neurolingüística (PNL), possibilitar que aquela interpretação, aquele mapa da realidade tenha seu direito de existir e, concomitantemente, perceber que ele faz parte das inúmeras possibilidades do gênio humano e algo dele pode ser um potencial criativo para o nosso mapa. Muito do que consideramos produto de um gênio criativo está nessa simples sobreposição de diferentes lupas sobre o mesmo mundo.
Aceitar, trocar, criar
Aceitar é ir além, é observar e compreender o que há por trás das diferenças e a forma como essas diferenças podem nos remeter a novas realidades muito mais estimulantes que as que as originaram. Aceitando nos permitimos trocar e através da permuta podemos construir novos panoramas para velhas questões.
Criar sistemas, criar mapas
A importância da percepção acadêmica da inteligência espiritual é que, nós, ocidentais, submersos em ceticismo e jogos de poder ao longo de nossa história, criamos um crivo poderoso para dar crédito a algo, a instituição acadêmica(1). Ocorre que o mais interessante aqui é que até mesmo membros da academia têm percebido que essa não é a descoberta de mais uma inteligência - como a da inteligência cinética, que o Ronaldinho Gaúcho tem mais do que 99% dos leitores desse artigo incluindo, obviamente seu escritor -, mas a descoberta da inteligência última, a que agrega as demais ao seu redor.
A inteligência última parece cada vez mais, um grande sistema que cria diversos sistemas, o sistema que coaduna os mais diversos mapas da realidade e consegue colocar toda essa energia da ação motivada pela crença em prol de um único objetivo. Não é disso que se tratam os aspectos mais importantes da mente? Criar, crer, agir?
Pensar sistêmicamente, pensar espiritualmente
Algo do que compreendemos como espiritualidade têm a ver com o caráter finalista, com uma expectativa de que haja, no fim, um desígnio maior, uma ordem intrínseca permeando os acontecimentos a princípio caóticos da vida. A inteligência espiritual tem a ver com essa questão, com a percepção de que mais "inteligente", ou nesse ponto até arriscaria a palavra "sábio" é quem consegue, enfim, aglutinar diversas leituras da realidade dentro de um mesmo mapa, maior, que aceite as diferenças e se mova em direção a algo, dotando esse algo de valor. A que alvo estás dando valor ultimamente?
Texto de: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
(1) Às vezes convenientemente esquecemos a sociologia e a política internas dessas instituições, esquecemos de que nelas trabalham pessoas com os mais diversos, legítimos e ilegítimos interesses, subvencionados por empresas também movidas pelos mesmos legítimos ou ilegítimos interesses.
Amor! Amor! Amor! Essa é a alma do gênio.
Weder hohe Intelligenz noch Phantasie, noch beide zusammen machen Genie.
Liebe! Liebe! Liebe! Dies ist die Seele des Genies. - Wolfgang Amadeus Mozart
Estudos científicos atuais concluem que, além da inteligência emocional - Q.E., há a inteligência espiritual - Q.S. Zohar e Marshall (2002:18) assim a definem: "É com a inteligência espiritual que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor, a inteligência com a qual podemos pôr nossos atos e nossa vida em um contexto mais amplo, mais rico, mais gerador de sentido... é a nossa inteligência final".
Segundo esses autores, a inteligência espiritual pode ser medida pela magnetoencefalografia - MEG, conforme pesquisa do Dr. Rodolfo Llinas da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. A inteligência espiritual evidencia-se no substrato neural da atividade oscilatória de 40Hz, que percorre todo o cérebro e proporciona o meio pelo qual a experiência do ser humano pode ser aglutinada e inserida em um marco mais amplo de sentido. Concluíram que as oscilações de 40Hz constituem a base neural do Q.S.
"Uma forte transcendência como propriedade do QS é naturalmente uma perspectiva muito interessante. Significaria que um aspecto fundamental da inteligência humana nos dá acesso ao fundamento do ser, às leis e princípios da existência, exatamente como pensadores hindus e budistas sempre alegaram. A mente, nesse caso, teria origem no próprio núcleo das coisas. O aspecto da nossa inteligência que é o nosso QS transcende o mero ego, o mero cérebro, as meras 'sacudidelas dos neurônios' e torna-se a expressão do que a maioria dos ocidentais chama 'Deus'". - Zohar e Marshall, 2002: 101
Tolerar, conviver, aceitar
A tolerância, como bem exemplificou um colega num grupo de estudos sobre religiões do qual participo, ainda pressupõe alguma espécie de conflito. A convivência, como bem demonstra a inegável e triste situação na Palestina, pode tanto gerar o respeito como acirrar o conflito. Já a aceitação não. Aceitar é, em termos de Programação Neurolingüística (PNL), possibilitar que aquela interpretação, aquele mapa da realidade tenha seu direito de existir e, concomitantemente, perceber que ele faz parte das inúmeras possibilidades do gênio humano e algo dele pode ser um potencial criativo para o nosso mapa. Muito do que consideramos produto de um gênio criativo está nessa simples sobreposição de diferentes lupas sobre o mesmo mundo.
Aceitar, trocar, criar
Aceitar é ir além, é observar e compreender o que há por trás das diferenças e a forma como essas diferenças podem nos remeter a novas realidades muito mais estimulantes que as que as originaram. Aceitando nos permitimos trocar e através da permuta podemos construir novos panoramas para velhas questões.
Criar sistemas, criar mapas
A importância da percepção acadêmica da inteligência espiritual é que, nós, ocidentais, submersos em ceticismo e jogos de poder ao longo de nossa história, criamos um crivo poderoso para dar crédito a algo, a instituição acadêmica(1). Ocorre que o mais interessante aqui é que até mesmo membros da academia têm percebido que essa não é a descoberta de mais uma inteligência - como a da inteligência cinética, que o Ronaldinho Gaúcho tem mais do que 99% dos leitores desse artigo incluindo, obviamente seu escritor -, mas a descoberta da inteligência última, a que agrega as demais ao seu redor.
A inteligência última parece cada vez mais, um grande sistema que cria diversos sistemas, o sistema que coaduna os mais diversos mapas da realidade e consegue colocar toda essa energia da ação motivada pela crença em prol de um único objetivo. Não é disso que se tratam os aspectos mais importantes da mente? Criar, crer, agir?
Pensar sistêmicamente, pensar espiritualmente
Algo do que compreendemos como espiritualidade têm a ver com o caráter finalista, com uma expectativa de que haja, no fim, um desígnio maior, uma ordem intrínseca permeando os acontecimentos a princípio caóticos da vida. A inteligência espiritual tem a ver com essa questão, com a percepção de que mais "inteligente", ou nesse ponto até arriscaria a palavra "sábio" é quem consegue, enfim, aglutinar diversas leituras da realidade dentro de um mesmo mapa, maior, que aceite as diferenças e se mova em direção a algo, dotando esse algo de valor. A que alvo estás dando valor ultimamente?
Texto de: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
(1) Às vezes convenientemente esquecemos a sociologia e a política internas dessas instituições, esquecemos de que nelas trabalham pessoas com os mais diversos, legítimos e ilegítimos interesses, subvencionados por empresas também movidas pelos mesmos legítimos ou ilegítimos interesses.
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